A quem o viu
Cuspiu no olho
Enfiou agulhas sob as unhas
O mostrou sua insignificância
O fez descampado ao vento sul
Era um poema de respeito
Furioso, ciclônico, mau
Um poema observa dor
Mortal para um vedor
Machucou o olhar do olhador
E molhava sua fachada de mar
E outro quem
Respeitoso, olhos no olhos
Como quem pefura o mar
Ou alarga o vão do furacão - pacientemente
Recolheu a significância
Se banhou de chuva e vento
Pois insignificante sim
Mas sabidamente não para si mesmo
E o poema ficou lá, quietinho
Pois namorado por alguém intrépido
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 27 de maio de 2010
No mesmo ano, uma jornada ambiciosa é iniciada por um grupo de pesquisadores na busca de desvendar os segredos da existência, da vida, do subjetivo, do amor, do frio, da saudade, das cores perdidas, da profundidade da ciência, das paixões, da calma.
Consta que, poucos dias depois, Francisco Bentois apresenta seu trabalho seminal para poucas pessoas e é amplamente aceito, numa noite sem aplausos e sem perguntas. Não há qualquer registro desse seminário, exceto o título: "Sobre O Princípio da Conservação do Sentimento E Processos de Conversão Entre suas Várias Manifestações".
Consta que, poucos dias depois, Francisco Bentois apresenta seu trabalho seminal para poucas pessoas e é amplamente aceito, numa noite sem aplausos e sem perguntas. Não há qualquer registro desse seminário, exceto o título: "Sobre O Princípio da Conservação do Sentimento E Processos de Conversão Entre suas Várias Manifestações".
segunda-feira, 9 de março de 2009
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Transparente, Pô!
Gosto de gente transparente
Não daquele mistério de mentirinha
De quem encontra-se opaco
Ou daquele gosto insosso
De quem está vazio
Como lido em revista de mocinha
A gente transparente me agrada
Porque transparece mesmo quando não quer
Quando eu abraço alguém assim, translúcido
Como num sonho, vejo meu braço
Através do abraço, num matiz fúlgido
Não sou mais eu, aí sou muito mais que eu
E o ser abraçado é potencialmente infindo
em profundidade
Gosto de mim
E ando tão transparente, fótons em vôo...
Que ao alguém abraçar o ar
Seja o caso de um abraço ao acaso
Seja perceber alguém que não invisível sou
Invisível?
Profunda superficialidade...
Ignorais as fossas abissais!
----------------------------------------------------------------
Francisco Bentois
In.: Poemas Imediatos
O manuscrito original contém um texto curioso ao fim:
"Nota para Dulcinéia Potato - Você é tão inteligente quanto bela e tão doce quanto possível. Obrigado por ajudar este velho poeta"
Não daquele mistério de mentirinha
De quem encontra-se opaco
Ou daquele gosto insosso
De quem está vazio
Como lido em revista de mocinha
A gente transparente me agrada
Porque transparece mesmo quando não quer
Quando eu abraço alguém assim, translúcido
Como num sonho, vejo meu braço
Através do abraço, num matiz fúlgido
Não sou mais eu, aí sou muito mais que eu
E o ser abraçado é potencialmente infindo
em profundidade
Gosto de mim
E ando tão transparente, fótons em vôo...
Que ao alguém abraçar o ar
Seja o caso de um abraço ao acaso
Seja perceber alguém que não invisível sou
Invisível?
Profunda superficialidade...
Ignorais as fossas abissais!
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Francisco Bentois
In.: Poemas Imediatos
O manuscrito original contém um texto curioso ao fim:
"Nota para Dulcinéia Potato - Você é tão inteligente quanto bela e tão doce quanto possível. Obrigado por ajudar este velho poeta"
domingo, 14 de setembro de 2008
Bodas de Titânio
Quisera ter uma namorada bem galante
Ante tal mirada, assim de fera
Diferiria do de Dante o inferno angelicante
Cantante estou e de agora em diante
Viverei eterna primavelha
Outrora noutro outono
Me encontrava em desencontro, mas pensante
Que haverão outros verãos
Nos quais os casais outros verões e morrerões
De inveja bengala adiante
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Francisco Bentois
Ante tal mirada, assim de fera
Diferiria do de Dante o inferno angelicante
Cantante estou e de agora em diante
Viverei eterna primavelha
Outrora noutro outono
Me encontrava em desencontro, mas pensante
Que haverão outros verãos
Nos quais os casais outros verões e morrerões
De inveja bengala adiante
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Francisco Bentois
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Perfeito Em Potencial
Perfeito
Tudo se encaixava
O começo com o fim
O meio com os dois
Cada pedaço auto-consistente
E cada trecho fio de uma teia
Ideológico e argumentador
Rigoroso e apaixonado
Heróico
Rítmico, sonoro
Avassalador
Bravo e cativante
Profundo e coerente
Completo e também sugestivo
O poema que fiquei com preguiça de fazer
Veríssimo me apertaria a mão
Zé Geraldo me chamaria pra uma pelada
Chico Buarque me roubaria a namorada
Mas é que por vezes
Também me farto de semideuses
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Francisco Bentois
In.: Poemas Imediatos
Tudo se encaixava
O começo com o fim
O meio com os dois
Cada pedaço auto-consistente
E cada trecho fio de uma teia
Ideológico e argumentador
Rigoroso e apaixonado
Heróico
Rítmico, sonoro
Avassalador
Bravo e cativante
Profundo e coerente
Completo e também sugestivo
O poema que fiquei com preguiça de fazer
Veríssimo me apertaria a mão
Zé Geraldo me chamaria pra uma pelada
Chico Buarque me roubaria a namorada
Mas é que por vezes
Também me farto de semideuses
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Francisco Bentois
In.: Poemas Imediatos
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Não é preciso ser feio para fazer poesia
Tampouco ter apanhado muito na escola
Nem ser um tolo de paixões não-correspondidas
E o mundo não clama aos suicidas por ela
Não é preciso ser um franzino com um dicionário
Mas com certeza isso tudo torna a coisa bem mais fácil
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Francisco Bentois
In.: Poesia Entre-Lanches
Tampouco ter apanhado muito na escola
Nem ser um tolo de paixões não-correspondidas
E o mundo não clama aos suicidas por ela
Não é preciso ser um franzino com um dicionário
Mas com certeza isso tudo torna a coisa bem mais fácil
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Francisco Bentois
In.: Poesia Entre-Lanches
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